quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Tão fácil perceber que a sorte escolheu você e você cego, nem nota.

Fico aqui tentando bolar um plano mirabolante, depois de tanto tempo, tantos erros, uma imensidão de silêncio. Não desisto, hei de achar as repostas para aquelas nossas dúvidas. Nem que isso me tome uma vida ou todas elas.  

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Esses achados em e-mails.

- Eu já te disse?
Sabe do que eu gostava e nunca te falei? Quando você saía do banho. Você nunca conseguiu se secar direito. Vinha pingando pelo quarto. Cabelo displicentemente penteado, e completamente encharcado. De calcinha, e escorrendo água por aquele corpo reto, sarado, lindo. Aí, como se estivesse completamente seca, você deitava na cama, do meu lado. Colada. E me beijava com a boca doce, úmida, só minha. Depois de um tempo, lembrava dos cachorros, e abaixava, de bruços, para recolhê-los para cima. Enquanto fazia isso, me lançava um olhar que pedia aprovação. Se eu não dissesse nada, você cantarolava alguma coisa, algumas daquelas músicas que você compunha para eles e me fazia rir muito, e lá vinham aqueles dois cachorros miúdos correr pela cama em volta de você. Eu só deixava, e isso eu nunca te falei, porque adorava a cara que você fazia. Você ria como uma criança. Uma criança que você é, e nunca vai deixar de ser. E isso, talvez eu nunca tenha te dito, é das coisas mais bonitas que você tem. Bonito porque, mesmo sendo tão pura e ingênua, você é madura, forte, determinada. Você é tudo isso em uma só. E o que me atraiu em você, numa tarde de verão californiano, foi exatamente essa mistura rara. E isso, eu acho, nunca te disse. Eu também nunca te disse que você foi a melhor coisa que me aconteceu na vida, disse? Disse que nunca antes tinha amado de um jeito tão forte, tão químico, tão sensível? Que nunca tinha tremido de paixão como naquela noite que você me beijou no sofá da sala? E em todas as seguintes. Que te ver sorrindo em cima de mim, só pra mim, talvez seja, até hoje, minha paisagem predileta? Sabe do que mais eu gostava? Quando você imitava o cara do desenho animado, o portuga. Eu ia trabalhar lembrando da imitação e morria de rir. Eu já te disse que te amei, entre tantas outras coisas, porque você me fazia rir? Já te disse que hoje, quando a gente se encontra e consegue superar a dor para falar do passado, você ainda me faz rir assim? Já te disse que lembrar da vida que eu tive do seu lado é meu passatempo predileto? Que você me ensinou sobre as pessoas, sobre as verdades, sobre moda, sobre política, sobre justiça, sobre a lógica da vida? Já te contei como essas coisas mudaram a forma como eu vejo o mundo? Já te disse como era bom ficar deitada no seu ombro? De como eu me sentia segura? De como eu gostava quando a gente via 'cuickócuick' e de como a gente sacaneava, naquele jogo que vai ser para sempre só nosso, 'Summerland'? Já te disse que, até hoje, quando eu ouço a sua voz no telefone, meu coração palpita diferente? 
Que a sua voz, as coisas que você me diz, o jeito que você diz, entram no meu ouvido da forma mais doce do mundo? Que eu adorava quando você me abraçava no meio da noite? Que eu chorava quando a gente fazia amor? Já te disse que te ver chorar é como pegar uma faca bem afiada e ir passando ela devagarinho pela minha alma? Que eu ainda sonho com você? Com a gente lendo o jornal no chão da sala, tomando café, comendo as 'especialidades' que você fazia para mim? Já te disse que eu comecei a escrever este texto umas 300 vezes e nunca consegui terminar porque as lágrimas não deixavam? Já te disse que as músicas que você compôs no violão são as mais bonitas que eu já escutei? Que eu ouvia sozinha, escondida, quando você estava no trabalho, e elas me faziam chorar? Já te disse que eu adorava quando a gente ia almoçar na casa dos seus pais e suas irmãs ficavam falando de como você era mal-humorada na infância? Eu te olhava, ouvindo a mesa inteira falar de você, e via a mulher que só eu conhecia, que só eu amava daquele jeito tão fundo. E sentia um orgulho enorme. Aliás, e isso eu acho que eu já te disse, eu sinto tanto orgulho de você... Tanto. Eu queria ver o mundo com seus olhos de criança, chorar e deixar as lágrimas pularem, e não apenas escorrerem. Queria ser indignada como você. Inquieta como você. Justa como você. Bonita como você. Intensa como você. E sabe o que mais eu queria? Ter tido um filho seu. Porque eu queria que você se multiplicasse. Acho que é disso que o mundo precisa. Pessoas bonitas, fortes, inquietas, indignadas, questinadoras, inteligentes. Como você. Mas tem uma coisa que eu certamente nunca te disse. Por que a gente se separou. Sabe por que eu nunca te disse? Porque eu nunca entendi. Eu não sei o que te afastou de mim, o que me afastou de você. O que eu sei é isto: eu sempre vou te amar. Pelo que você é. Pelo que você foi. Pelo que você será.

Milly Lacombe

Não existe certeza absoluta, o que existe é o conceito intolerante.

Nota mental para uma próxima vida; entender que a insônia pode lhe oferecer mais do que tirar. A vida não é o que dizem para você, e sim o que você sente que ela é. Mesmo que às vezes o que você sente seja o reflexo daquilo que te disseram. Agora entendi, de verdade. Não se trata de nada mais do que respeito. Eu não sinto, não assim... Mas compreendo, a força de alguns é baseada em acreditar nas promessas mais do que de vê-las de fato realizadas. Eu tenho uma cabeça que nunca se desliga, isso é chato, é perturbador, coisa de maluco mesmo. No momento penso que na verdade deveria apagar todos os textos que escrevi durante a noite (que fazem menos sentido ainda que esse pseudo esboço) e reescrever completamente ao contrário, de novo e de novo... Mas não importa, são só pensamentos aleatórios. 7:45 da manhã e eu querendo respostas, com um café nas mãos e nem de café eu gosto. Quanta inocência, ao menos isso compreendo e riu de mim mesma. 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Palavras são as últimas que morre, no caso. No meu caso.

Lembra quando te disse que aqueles textos eram pensamentos desconexos e você não deveria me levar a sério neles? Lembra quando prometi que ainda formaria uma opinião parcial sobre eles, sobre mim e tentaria os interpretar melhor e poderia seguramente explica-los? Eu estou aqui tentando ainda...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dualismo.


Você tinha absolutamente tudo que queria. Eu sempre dispensei quase tudo que me era oferecido. Éramos parecidas de formas completamente diferentes. Tínhamos simetrias ostensivas. Fomos tudo que sonhamos. Fomos tudo. Fomos tanto, que não soubemos cultivar tamanha beleza, nos perdemos como tantos outros casais, no eterno abismo do medo, da insegurança. Poderíamos ter feito história, talvez escrevessem sobre nós, revolucionaríamos nações que se encontram completamente imparciais. Não soubemos, não conseguimos. Covardes. Fomos nada. Somos nada. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Algum dia você entenderá.

Engraçado, quando muito pouco é possível, tudo é possível... Pensei nisso enquanto folheava o jornal da manhã anterior. Ter de aprender a preparar meu próprio café todas as manhãs, me deixava esgotado o ponto de nunca mais ter lido o jornal em seu clico normal. Era uma mistura de tédio e dor. Ver seu lugar a mesa vazio me dava uma sensação péssima... De que o mundo lá fora não me importava nem um pouco. Já me bastava acordar todas as manhãs, ás 7:00 gravadas e ser condescendente o suficiente para lidar com toda aquela sujeira; as pessoas.  Quando criança, tudo que queremos é crescer, ser adulto. Me faço a mesma pergunta frenquentemente... O que é exatamente ser adulto? Tenho quase 20, e a cada final de dia me sinto mais inexperiente. Em certa idade, tudo que pedimos em aniversários é não fazer mais aniversários. A louça permanece suja sobre a pia por dias, me falta aquela sua mania de organização, em deixar tudo no seu devido lugar, e limpo... Bem limpo! Suas roupas jogadas no pequeno sofá do quarto continuam exatamente como você deixou. Sei que quando as coisas ficarem difíceis, quando as pessoas voltarem a te cobrar mais do que você consegue dar... Ou simplesmente quando precisar se sentir a mulher mais amada do mundo, é para meus braços que sempre volta. É nesse peito que repousa a cabeça e dorme tranquila... Sem medo algum. Na manhã seguinte ao abrir os olhos, vou fitar seu corpo minúsculo ao lado da cama, dobrando suas camisas e as guardando junto as minhas. Também sei que não adiantará fingir que ainda durmo... Pois você usará seu tom de voz mais terno para me alertar que é meu dia de lavar a louça. Como posso ter tanta certeza que será exatamente assim? Porque sempre foi. Porque não há no mundo quem te espere com tanta devoção.  É que sei te cuidar como ninguém mais saberia ou ousaria fazer. Quem mais cantaria com a voz rouca ao pé do teu ouvido: Quem é mais sentimental que eu?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Que o tempo escorra pelos dedos.

Você sorri tímida, comprimindo os lábios na tentativa de abafar o ruído escancarado da risada. De antemão percebo a inquietação por ainda achar graça nas minhas piadas nada engraçadas. A atitude me faz sorrir de volta, e me pego te encarando diretamente nos olhos, você desvia o olhar, como o esperado, como sempre.
- Eu não entendo esse medo de me olhar...
- Eu não entendo como você consegue olhar para outra mulher como me olhava... Mas não quero pensar nisso. Ficarei com raiva, e não quero sentir nada similar por você.
- Não é o mesmo olhar. E o cuidado, o carinho... Jamais serão o mesmo.
- Duvido! Eu não conheço alguém que tenha tanto carinho para dar. Eu aprendi com você, tudo.
- Não estou dizendo partindo daqui, estou dizendo partindo de lá... E o problema não são elas, o problema sou eu. Me acostumei mal. Você me acostumou muito mal.
- Me doí... Você sabe, todo meu carinho é seu.
- Não mais que doí em mim.