segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dualismo.


Você tinha absolutamente tudo que queria. Eu sempre dispensei quase tudo que me era oferecido. Éramos parecidas de formas completamente diferentes. Tínhamos simetrias ostensivas. Fomos tudo que sonhamos. Fomos tudo. Fomos tanto, que não soubemos cultivar tamanha beleza, nos perdemos como tantos outros casais, no eterno abismo do medo, da insegurança. Poderíamos ter feito história, talvez escrevessem sobre nós, revolucionaríamos nações que se encontram completamente imparciais. Não soubemos, não conseguimos. Covardes. Fomos nada. Somos nada. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Algum dia você entenderá.

Engraçado, quando muito pouco é possível, tudo é possível... Pensei nisso enquanto folheava o jornal da manhã anterior. Ter de aprender a preparar meu próprio café todas as manhãs, me deixava esgotado o ponto de nunca mais ter lido o jornal em seu clico normal. Era uma mistura de tédio e dor. Ver seu lugar a mesa vazio me dava uma sensação péssima... De que o mundo lá fora não me importava nem um pouco. Já me bastava acordar todas as manhãs, ás 7:00 gravadas e ser condescendente o suficiente para lidar com toda aquela sujeira; as pessoas.  Quando criança, tudo que queremos é crescer, ser adulto. Me faço a mesma pergunta frenquentemente... O que é exatamente ser adulto? Tenho quase 20, e a cada final de dia me sinto mais inexperiente. Em certa idade, tudo que pedimos em aniversários é não fazer mais aniversários. A louça permanece suja sobre a pia por dias, me falta aquela sua mania de organização, em deixar tudo no seu devido lugar, e limpo... Bem limpo! Suas roupas jogadas no pequeno sofá do quarto continuam exatamente como você deixou. Sei que quando as coisas ficarem difíceis, quando as pessoas voltarem a te cobrar mais do que você consegue dar... Ou simplesmente quando precisar se sentir a mulher mais amada do mundo, é para meus braços que sempre volta. É nesse peito que repousa a cabeça e dorme tranquila... Sem medo algum. Na manhã seguinte ao abrir os olhos, vou fitar seu corpo minúsculo ao lado da cama, dobrando suas camisas e as guardando junto as minhas. Também sei que não adiantará fingir que ainda durmo... Pois você usará seu tom de voz mais terno para me alertar que é meu dia de lavar a louça. Como posso ter tanta certeza que será exatamente assim? Porque sempre foi. Porque não há no mundo quem te espere com tanta devoção.  É que sei te cuidar como ninguém mais saberia ou ousaria fazer. Quem mais cantaria com a voz rouca ao pé do teu ouvido: Quem é mais sentimental que eu?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Que o tempo escorra pelos dedos.

Você sorri tímida, comprimindo os lábios na tentativa de abafar o ruído escancarado da risada. De antemão percebo a inquietação por ainda achar graça nas minhas piadas nada engraçadas. A atitude me faz sorrir de volta, e me pego te encarando diretamente nos olhos, você desvia o olhar, como o esperado, como sempre.
- Eu não entendo esse medo de me olhar...
- Eu não entendo como você consegue olhar para outra mulher como me olhava... Mas não quero pensar nisso. Ficarei com raiva, e não quero sentir nada similar por você.
- Não é o mesmo olhar. E o cuidado, o carinho... Jamais serão o mesmo.
- Duvido! Eu não conheço alguém que tenha tanto carinho para dar. Eu aprendi com você, tudo.
- Não estou dizendo partindo daqui, estou dizendo partindo de lá... E o problema não são elas, o problema sou eu. Me acostumei mal. Você me acostumou muito mal.
- Me doí... Você sabe, todo meu carinho é seu.
- Não mais que doí em mim.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Constante.

Esse céu permanentemente escuro, muda o conceito de verão que me ensinaram. Caminhar sobre folhas secas, me lembra o outono.. Tanto faz, as estações deixaram de fazer sentido á muito tempo. Muita coisa deixou de fazer sentido. O sol quase não aparece mais por aqui.. E quando sutil ele nasce ou se põe, não consigo mais o ver. Fui idiota, acreditei que eu poderia trilhar caminhos errados quantas vezes quisesse ou pudesse, e você, o caminho certo, sempre estaria adiante, me esperando. Porém, você cansou, com toda a razão. Guardou todas suas coisas dentro de algumas caixas e se mudou. Desde então, não para de chover. Tenho de confessar, que quando me pego sorrindo, é por ver que ai o sol não parou de nascer, te ver assim tão bem, acalma significantemente a vida nessa casa escura. Pena não ser o motivo dessa alegria constante. Não importa. Quando você decidiu me deixar, mudar-se para uma casa mais bem iluminada, com uma grande janela, onde o sol irradia a casa inteira, muitas coisas em mim mudaram também. Você levou embora o egoísmo, aquele tão imoral e corriqueiro, de ser fiel a ideia que você deveria ser minha por direito, como se o amor viesse com titulo de posse. Mas ô, em algumas dessas caixas está meu coração, no meio da bagunça, da pressa em juntar seus pertences e sair porta a fora, sem me olhar nos olhos, você levou o sem querer. Não quero devolução, ele bate melhor perto de você. Feche a caixa e a guarde em algum lugar que não vá atrapalhar a circulação pela sala banhada pelo seu doce perfume.. E só mais um pedido, se é que posso.. Cuide bem dele, estando ou não dentro dessa caixa, ele é teu, mesmo que eu não mereça, ou não deva. Surrado, sujo, aos pedaços ou não, ele ainda é teu, como sempre será. E acredite quando digo, eu já não posso e nem tenho forças para remetê-lo a outro alguém. Palavra de quem seguiu caminhos errados tentando.